UM SETE UM

Cambada, depois dos dois primeiros livros de contos, segue uma mostra de UM SETE UM, meu primeiro romance (ou novela, para falar a verdade), pela editora carioca 7 Letras, que teve seu lançamentono dia 21 de novembro, às 19hs, na Livraria Cultura. E dê-lhe que dê-lhe!
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Alguns pontos de venda
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Sinopse: "Dá pra acreditar?" -- o narrador passa pelas mais incríveis peripécias enquanto vai enredando o leitor numa teia de verdades e mentiras. Assassino, traficante, pirata, nosso anti-herói derruba as fronteiras do fato e da ficção na busca de uma identidade. O escritor gaúcho Ítalo Ogliari é uma das maiores revelações da ficção brasileira atual, que a 7Letras tem orgulho de apresentar em sua Coleção Rocinante.
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Sinopse II: Com quase trinta anos de idade, o protagonista de UM SETE UM, crescido na periferia da Zona Sul de Porto Alegre, senta-se ao lado de um mendigo, na Avenida Assis Brasil, para contar sua vida, tratando esse homem como seu suposto pai, que teria saído de casa no dia de seu nascimento e nunca mais voltado. Narrado de forma surpreendente e original, em que sonhos, violência, malandragem e ingenuidade se misturam, o leitor é posto em xeque, constantemente, sobre a veracidade dos fatos.

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Trechos: "Os dois se pegaram feio e eu não tive coragem de sair. Fiquei com medo de deixar a mãe sozinha e aquele filho-da-puta fazer alguma coisa com ela. Sentei na minha cama e grudei o ouvido na parede de madeira que dava pra lá. A casa era de material, mas tinha umas divisão de madeira. Ouvi ele acusando minha mãe de não tá em casa quando ele apareceu e queria que ela contasse onde tinha se metido. Depois ele chamou ela de puta e ela não aceitou. Mandou ele embora. Foi empurrando ele até a porta, e foi então que ele sentou a mão. Bateu mesmo. Umas duas ou três porradas afú, e ainda teve a cara-de-pau de tirar um ronco na cama dela. Foi aí que eu desci pro jogo. Mas não joguei bosta nenhuma."
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"A gente chegou na porta do quarto, que tava fechada. O velho bateu e pediu pra ela abrir, mas ela não abriu. Depois ele se lembrou que ele mesmo tinha trancado pelo lado de fora, pra filha não fugir. Então ele destrancou. Ela tava lá, deitada.
Eu tinha na minha cabeça a Mariana daquele tempo, com uns doze anos, expliquei pro meu pai, e não uma mulher.
A Mariana tava quase uma mulher.
Tava com os cabelos pintado de vermelho, meio encaracolados.
Tinha feito e uma tatuagem na perna esquerda. Um tribal.
Tava magra.
Tava branca e roxa.
Tava morta.
A Mariana tava morta.
Naquele momento, o velho se atirou na cama e abriu o berreiro. Pegou a filha no colo e começou a sacudir a coitada. Naquele momento eu não chorei mais. Meu rosto secou e eu sequei por dentro.
– O que tu queria que eu fizesse mesmo? – perguntei pro velho.
– Que tu matasse aquele traficante filho-da-puta."
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Mais críticas

2 comentários:

jose couto disse...

LEITORES,ÍTALO É O CARA.LI,UM SETE UM E FIQUEI MARAVILHADO.É MUITO BOM.NÃO TEM NADA FORA DO LUGAR.ENXUTO.FRASES RÁPIDAS,SECAS.SÓ QUE NÃO É ROMANCE.É NOVELA.CINEMATOGRÁFICA.NA MELHOR TRADIÇÃO DE QUERÔ,UMA REPORTAGEM MALDITA,NOVELA DE PLÍNIO MARCOS,TREMOR DE TERRA,CONTOS DE LUIZ VILELA E OS MENINOS,CONTOS DE DOMINGOS PELLEGRINE,TU TÁ BEM ACOMPAMHADO.PARABÉNS
JOSÉ COUTO

Anônimo disse...

Um dos melhores livro que eu li nos últimos tempos. Parabéns, Ítalo.

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Eduardo Eugênio